19/06/2020 - Por: O Globo

Profissional de saúde faz testagem para coronavírus nos EUA | COURTNEY PEDROZA/REUTERS

Durante a pandemia da Covid-19, além de tentar entender sua patogênese, desenvolver terapias e vacinas, é fundamental determinar quando a quarentena poderá ser flexibilizada. Para tal, a Organização Mundial da Saúde (OMS) listou seis critérios que os países, estados ou cidades devem considerar.

O primeiro deles é a cidade possuir um sistema de saúde capaz de identificar, testar, isolar e tratar todos os pacientes com Covid-19 e as pessoas com as quais eles tiveram contatos. O segundo critério é garantir ambientes de trabalho e demais locais capazes de proteger as pessoas, à medida que retomarem as atividades. O terceiro é conseguir lidar com casos de pessoas que venham de fora do país, cidades ou estados, já que, dependendo da região do Brasil, há cidades com poucos casos e outras com incidência elevada. O quarto critério estabelecido pela OMS é controlar os riscos de surtos em locais sensíveis, como postos de saúde, hospitais, casas de repouso e comunidades. O quinto critério a ser observado é a capacidade da população de prevenir o contágio e adotar as medidas preventivas que deverão passar a ser vistas pela sociedade como o 'novo normal'. O sexto critério implica que a taxa de contágio esteja em queda.

Analisando-se detalhadamente cada um dos aspectos citados, é importante ressaltar situações que podem aumentar o risco de contágio:

1. O número de doentes admitidos nos hospitais privados e públicos vem reduzindo significativamente em algumas cidades, porém continua a aumentar exponencialmente em outras cidades, principalmente as do interior dos estados.

2. O retorno das atividades implica em aumentar o número de indivíduos no transporte público e, mesmo limitando o número de trabalhadores nos ônibus e trens, as filas continuam grandes, sem possibilidade do controle efetivo do distanciamento.

3. As grandes cidades recebem trabalhadores do interior do estado, podendo aumentar o número de casos.

4. Os hospitais, em função da redução da demanda de casos, vem permitindo a realização de cirurgias eletivas, aumentando a circulação de pacientes e acompanhantes.

5. A população tem que ser treinada a usar máscaras de forma frequente e correta, o que, infelizmente, não vem acontecendo.

6. Até o momento, não há nenhum estudo no Brasil que afirme que a taxa de contágio está em redução.

Em resumo, a abertura está acontecendo e temos que nos adaptar ao novo. Assusta ver parte da população questionar o porquê de ter que mudar seus hábitos, depois de termos quase 47 mil mortos por Covid-19 no Brasil.

Encarar a realidade é fundamental. As pessoas têm medo de mudanças; meu maior medo é que as coisas nunca mudem.

Lembrem que, segundo Charles Darwin, as espécies que sobrevivem não são as mais fortes nem as mais inteligentes, e sim aquelas que se adaptam melhor às mudanças. A perspectiva de que tudo retornará à normalidade é remota; logo, mude e esteja pronto para mudar novamente. Precisamos nos adaptar!