04/05/2021 - Por: G1 - Globo.com EU ATLETA

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), popularmente conhecida apenas como refluxo, atinge de 12% a 20% da população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN). Embora essa porcentagem seja significativa, muitas pessoas não associam os sintomas a essa doença crônica e acabam sem diagnóstico. O refluxo ocorre porque quando realizamos uma refeição, a comida ingerida faz um percurso até o estômago e, nesse órgão, o ácido clorídrico ajuda na digestão. Antes de chegar ao estômago, porém, o que consumimos passa por uma válvula chamada esfíncter esofágico inferior ou esfíncter cárdico, que se fecha para que o ácido e parte dos alimentos não retornem ao esôfago. Quando esse esfíncter fica enfraquecido e não funciona corretamente, esse retorno acontece. E aí começam os problemas, como azia e queimação.

Causas

Além do defeito no esfíncter esofágico, a hérnia de hiato também pode causar refluxo. Mas o problema na válvula é mesmo o principal responsável, como explica o médico gastroenterologista Joaquim Prado, diretor de comunicação da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).

– O estômago tem um ácido clorídrico para auxiliar na digestão e, como o órgão é revestido por dentro, esse ácido não costuma agredir a parede do estômago. No caso de quem tem refluxo, o ácido volta para o esôfago (que não é revestido e está preparado para recebê-lo), o que provoca ‘queimaduras’ no esôfago e resulta em sensação de queimação, azia e, às vezes, dor e tosse. A principal causa do refluxo, portanto, é um defeito em uma válvula chamada esfíncter, localizada entre o esôfago e o estômago. O motivo da falha é desconhecido, mas, com o enfraquecimento da válvula, o ácido (que está pressionado dentro do estômago) volta para o esôfago – detalha Prado.

Fatores de risco

Há ainda fatores de risco que agravam o problema, tais como:

  •     Tabagismo
  •     Consumo de alimentos gordurosos;
  •     Fazer refeições próximo à hora de deitar;
  •     Consumo de bebidas alcoólicas, cafeinadas ou gasosas;
  •     Obesidade;
  •     Sedentarismo;
  •     Maus hábitos alimentares, como, por exemplo, comer depressa;
  •     Ingerir muito líquido durante as refeições.

Sintomas

  •     Azia
  •     Rouquidão
  •     Pigarro
  •     Tosse crônica
  •     Dor no peito
  •     Sensação de queimação
  •     Regurgitação


Diagnóstico

O diagnóstico é feito com base nas queixas do paciente. Em caso de suspeita de refluxo, o médico, que costuma ser gastroenterologista ou clínico geral, deve então solicitar uma endoscopia digestiva para confirmar a doença.

Tratamento

Segundo a nutricionista Daniela Alabarce Nardi, o tratamento pode ser feito com medicamentos antiácidos, que aceleram o esvaziamento gástrico. A principal dica, no entanto, é evitar alimentos que possam causar irritação ao esôfago.

– Além da forma medicamentosa, que acelera o esvaziamento gástrico, é importante uma alimentação adequada, para reduzir a quantidade de ácido no estômago. Evitar alimentos gordurosos, bebidas alcoólicas e gaseificadas, cafeína, menta, temperos, pimentas e molhos picantes é essencial – afirma ela.

O refluxo é consequência da gastrite?

Embora o refluxo seja constantemente confundido com a gastrite, o gastroenterologista Joaquim Prado explica que as duas doenças não têm relação.

– O refluxo não tem nenhuma relação com a gastrite. A gastrite é uma inflamação da mucosa do estômago, enquanto o refluxo é quando o ácido volta do estômago para o esôfago – diferencia ele.

Atividade física pode agravar ou melhorar?

No geral, as atividades físicas regulares e moderadas ajudam indiretamente na melhora do refluxo, de acordo com Prado. No entanto, exercícios muito intensos, especialmente corridas de longa distância, como maratonas, não são recomendados. Isso porque, nesses casos, costuma ocorrer um aumento da pressão abdominal, o que implica numa maior pressão dentro do estômago.

– A atividade física pode melhorar o refluxo de forma indireta, já que consome gordura, e a infiltração gordurosa de sobrepeso e obesidade é um agravante para a doença – pontua, fazendo a ressalva. – Um exercício que pode piorar o refluxo é a corrida, mais especificamente no caso dos maratonistas. Após corridas de alguns quilômetros, a válvula começa a falhar e, durante essa atividade, o indivíduo pode sentir manifestações clínicas e sintomas do refluxo. Mas, fora isso, a atividade física não agrava o problema.

13 dicas para evitar e combater o refluxo


Com base nas orientações da nutricionista Daniela Alabarce Nardi e do gastroenterologista Joaquim Prado, o EU Atleta preparou 13 dicas para você evitar e combater o refluxo. Confira abaixo:

  •     Tenha um horário para as refeições;
  •     Coma devagar;
  •     Evite líquidos e substâncias que são irritantes para o esôfago, como bebidas alcoólicas, cafeinadas e gasosas;
  •     Faça refeições em pequenas quantidades, especialmente ao jantar;
  •     Evite refeições líquidas ao jantar, como sopas ou caldos;
  •     Coma pelo menos duas horas antes de dormir;
  •     Evite beber líquidos durante as refeições;
  •     Não fume;
  •     Mantenha um peso adequado;
  •     Pratique atividades físicas regulares moderadas, mas evite corridas de longa distância;
  •     Evite deitar nos primeiros 30 minutos após as refeições;
  •     Deite na cama para o lado esquerdo para evitar que o conteúdo do estômago chegue ao esôfago e, consequentemente, à boca;
  •     Eleve a cabeceira da cama pelo menos 10 cm (exemplo: coloque um pedaço de madeira debaixo dos pés da cama), assim o corpo fica levemente inclinado, evitando que o ácido do estômago suba para o esôfago.