30/03/2015 - Por: France Presse - via G1

Imagem micrográfica colorida digitalmente com ampliação de 25 mil vezes mostra uma célula envolta por numerosos filamentos de vírus ebola (Foto: Reuters/Niaid)

O vírus ebola não está mudando tão rapidamente quanto os cientistas temiam; uma boa notícia para o tratamento da doença e para se evitar sua propagação - é o que mostra estudo divulgado na última sexta-feira (27) na edição impressa da revista "Science".

Pesquisas anteriores baseadas em dados limitados sugeriram que o ebola estava fazendo mutações duas vezes mais rápido que no passado.

Mas os cientistas que sequenciaram quatro amostras do vírus, coletadas no Mali entre outubro e novembro, não encontraram alterações genéticas significativas em comparação às amostras colhidas no início da epidemia, em março de 2014.

"O vírus do atual surto na África Ocidental parece ser estável - ou seja, não parece sofrer mutação mais rapidamente do que os vírus em epidemias anteriores, e isso é reconfortante", explicou Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID).


Variação genética influencia vacina
Testes de diagnóstico, anticorpos e vacinas experimentais se baseiam na composição genética do vírus em um determinado momento. Se ocorrer muita variação genética, o diagnóstico de formas novas e mutantes pode não ser possível e vacinas e anticorpos poderiam se tornar ineficazes.

Mutações também poderiam potencialmente levar a sintomas mais graves ou a um vírus que se espalhe mais facilmente, disseram os cientistas. Em agosto, virologistas que estudavam 99 genomas virais de pacientes em Serra Leoa encontraram um grande número de mutações.

Mas no estudo publicado na "Science" ficou claro que as amostras de ebola recolhidas no Mali são semelhantes às recolhidas em outro lugar no passado.

Os novos dados "dão ainda mais segurança de que uma estratégia de vacinação deve funcionar", afirmou Jim Kent, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, que criou um banco de dados do genoma do vírus Ebola.

Mas Kristian Andersen, do Instituto Broad e co-autor do estudo anterior conduzido em Serra Leoa, advertiu que novos tratamentos e vacinas poderiam resultar em mutações de vírus que ajudarão o Ebola a ficar mais resistente.

A epidemia de ebola já matou mais de 10.000 pessoas na África Ocidental - de quase 25 mil infectados - desde o início de 2014, principalmente na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné.